V O C A Ç Ã O




Desde que o corpo
Inaugurou o outono
A noite traz fogueiras insensíveis.
 
O amor, em todo caso
Aborto infeliz, “Tem seu charme!”,
Chegara a tempo
Feito espectro
Ou cancro temporão.
 
Sentia a cada sonho calcinado
Incompletude herdada,
A vocação de ter Jocasta.
 
Portão com seu rosto –  
De grossas correntes
Contando os retornos.
Uma placa de muitos Finados
E nada que chame de lar.
 
Por agora esse olhar
Recupera promessas, silhuetas
De regalo e descarte.
 
Quando calar-se
Era seu longo tratamento
A alma vendia por bem pouco –
Há que ser outro, agora,
Como outro é o vento que deixou lá fora
Na pré-manhã do abril sem brio
 
Um tempo sujo que não deixa rasto.
 







 
Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 06/12/2015
Reeditado em 11/12/2015
Código do texto: T5471862
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