Poema Seco

Como um pedreiro ergo esta poesia

Que não fala de amores, mas de histeria

De pensar que num futuro pensarei que jamais pensaria]

Que um dia acreditei, ou acreditaria

Nesta loucura chamada sonho, mas que ironia.

Janelas abertas e luzes à luz do dia

Não clareiam nem iluminam, chega a dar arritmia

Ver toda essa gente sonhando, que fantasia!

E ter comigo a certeza de que tambem fantasiaria.

Não fossem as verdades cruas e a sinestesia

Eu seria capaz de andar por aí em desvairada agonia]

Não fossem as mentiras e as falsarias,

Eu seria capaz de caminhar em ruas tortas nesta freguesia.]

Mas ora, onde está minha alegria?

Talvez nos lábios da criança que enquanto brincava sorria]

Ou nas músicas que hoje se fazem pura melancolia

Ou talvez na poeira que sempre me causa alergia.

E a poeira -esta que me causa alergia -

Um dia tomará conta da mesa em que escrevia

Da cama em que dormia

Do copo em que bebia

Do sol que me absorvia.

E em algum lugar, em uma realidade inexistente mas tão real quanto esta em que me encontraria]

Estaria lá eu, outra mesa, outra cama, outro copo, outra poeira e outra alergia.]

Mas enquanto não esbarro nessa realidade ainda fria,]

Sigo erguendo esse poema seco sempre em tom de ironia.]

Gabriel Paixão
Enviado por Gabriel Paixão em 10/11/2015
Reeditado em 04/07/2016
Código do texto: T5444624
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