O MENDIGO E O VIOLINO

Andava pela cidade,

à procura de alimento,

Mendigo, Sujo, sem Maldade,

para muitos um Fedorento.

Perdera o discernimento,

não sabia mais quem era,

o que era, de onde havia vindo.

Onde havia nascido.

Tudo pra ele uma Grande Quimera.

Monstro de duas cabeças,

que o deixava às avessas.

Mas sempre sorrindo andava,

quando chovia, tomava seu banho,

Limpava sua Alma.

Sua melhor Hora.

Pulava e tocava,

seu quebrado e fedorento Violino

achava-se flutuando.

Dançava e pulava sorrindo.

Pensava em banho de espuma,

em Palácios Suntuosos,

para ele sem sentido.

Mas era nisso que pensava sorrindo.

Tinha um violino à mão, nunca o soltara

fazia parte do seu corpo,

era seu sexto sentido.

Era conhecido como o Louco do Violino,

talvez o tivesse roubado,

ou no lixo o tivesse encontrado.

Diziam os Donos da Vida Alheia.

Mas nunca lhe deram a Ceia.

Achavam que era ladrão.

Mas não.

Era um Pobre Viciado.

Havia se entregado.

Nem em dias de muito frio,

uma sopa quente tomou.

Sempre se perguntou:

-Quem eu sou?

Também nunca se importou.

Um dia apareceu Morto,

morreu de Frio e Fome.

Um freelancer tirou sua foto.

Roubou sua Imagem

como um Mercenário Cavaleiro Medieval

Foi notícia em jornal,

Louco do Violino Morre.

Era o Título Sensacional.

Foi reconhecido, pelo seu antigo Produtor,

tinha conhecimento do seu Valor.

Mas a droga o havia consumido,

deixou de ser Músico Famoso

para ser alguém sem Sentido.

Foi sepultado em local Digno,

ao lado de seus Professores.

Atores, Diretores e Atrizes

que também na vida

haviam sido Infelizes.

O Cemitério a todos iguala,

são olhados com carinho,

e nesse olhares sem Sentido

Nunca mais se sentiu sozinho.

NELSON TAVARES

Nelson Tavares
Enviado por Nelson Tavares em 31/10/2015
Código do texto: T5433214
Classificação de conteúdo: seguro