Desabafo Ancestral

A minha alma acabou.

Ela se perdeu completamente dentro da minha essência

que sinceramente não faço ideia se algum dia existiu.

E Hoje, me observando de dentro, profundamente,

a mais que a superfície e além da margem, percebo que estou perdido.

Eu sou uma barata cascuda nesse instante. Uma barata imunda

e irrelevante que sobreviveu à uma guerra nuclear e agora está

ignóbil e fria, e seca, impossibilitada de agir e reverter a situação

do jogo demoníaco que criaram para entreter-me e destruir-me.

Estou jogado na sarjeta, com alguns trocados que um outro moribundo,

menos morto do que eu, doou por motivos de filantropia e, também, comércio.

Não tem jeito! Passei pela guerra, contei um milhão de mortes, um milhão de bombas, um milhão de gritos e ainda assim vejo nos poucos soldados que restam uma certa imoralidade. Toda a imoralidade do mundo pra falar a verdade.

A humanidade continua sem rumo e sem bondade, sinto-me sufocado por isso, frustrado com tanta podridão, e o agravante é que eu sei que eles percebem os urubus dançando no céu, acima de suas cabeças podres, tragando o fétido odor de seus corpos lazerentos em decomposição.

Eles percebem! Eles percebem droga! Os filhos da puta percebem, mas, preferem se manter indiferentes... 

E enquanto se comportam como plantas antas, eu, me desespero, e perco a fé, e perco a esperança, os sentidos, e a minha humanidade!

Héryton Machado Barbosa
Enviado por Héryton Machado Barbosa em 25/10/2015
Reeditado em 09/12/2015
Código do texto: T5426910
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