A PAZ DOS MARTIRES
Ontem, ouvi, da noite um grito surdo...
O vento, pela frecha da janela, assobiava...
E o zumbido, pela casa entrava
Despertando, lembranças adormecidas
Que atrás da porta, estavam, esquecidas.
Confesso...com tudo, agora, me assusto...
Pelo alpendre, de um amarelo, desbotado,
O vento, as paredes, sujas, acaricia...
E, ao passar, pela sala, de repente, vejo
Cair a moldura e seu antigo retrato.
Confesso... neste instante, tive medo
De tudo, inclusive, do meu passado
E, por incrível que pareça, até da vida,
Que deixamos, passar, sem ser vivida!
Ali naquele instante, fiquei estática,
Imóvel... silente... calada
Estendendo meus braços para o nada
Recolhi, em mim, no ultimo abraço
Do amor imensurável...apenas, pedaços!
Finalmente, de cansaço ... adormeci
Hoje, tenho certeza, que conheci
A paz dos martires...