A PAZ DOS MARTIRES

Ontem, ouvi, da noite um grito surdo...

O vento, pela frecha da janela, assobiava...

E o zumbido, pela casa entrava

Despertando, lembranças adormecidas

Que atrás da porta, estavam, esquecidas.

Confesso...com tudo, agora, me assusto...

Pelo alpendre, de um amarelo, desbotado,

O vento, as paredes, sujas, acaricia...

E, ao passar, pela sala, de repente, vejo

Cair a moldura e seu antigo retrato.

Confesso... neste instante, tive medo

De tudo, inclusive, do meu passado

E, por incrível que pareça, até da vida,

Que deixamos, passar, sem ser vivida!

Ali naquele instante, fiquei estática,

Imóvel... silente... calada

Estendendo meus braços para o nada

Recolhi, em mim, no ultimo abraço

Do amor imensurável...apenas, pedaços!

Finalmente, de cansaço ... adormeci

Hoje, tenho certeza, que conheci

A paz dos martires...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 10/10/2015
Reeditado em 17/10/2015
Código do texto: T5410019
Classificação de conteúdo: seguro