Cebola Brava

Corro demais, meu amor, sem alarde,

mesmo imóvel vivo em disparada,

coração acelerado de uma saudade

que nunca é tarde, me comovo pela baba

de desejo e palhaçada,

alucinado feito anjo sem memória, arde

no meu peito a paixão avolumada

sem outra intenção que ser do amante arte

pornográfica mente rebelada

rebeladamente pornográfica, beldade

dos velhos, gostosa dos novos insinua chegada

nua, dama-da-noite n'alma em pó, chuto o balde

na loucura de um cio pela jardinagem cobiçada

no meio dos seus rins, aonde a cebola brava, sonho esbalde

desabrocha devassa