Sobre alguém que te prima à vera

Esfrego minhas mãos furiosamente.

Palmas se apressam pra que eu finalmente me esquente.

É que frio sempre vem bater à janela,ventando lembranças de angústia e desgosto. Me deixam gélido,pálido,estático.

Minh’alma mistura-se ao próprio cenário.

E para aquecer, quem procuro? O quê procuro?

Essa brisa de passado me faz tilitar dentes pro futuro.

O que realmente quero?

Cessaram-se as horas pra parar e pensar já faz tempo.

E se ele não me espera,como eu o espero?

Deixei meu velho relógio pra trás,porquê talvez assim o tal do tempo passase mais fácil. Parei com ponteiros,mas eles nunca pararam comigo.

Erro crasso.

Tempestade de neve aperta.

Bode boreal de que frio no coração talvez nunca tenha hora certa.

Flocos de gelo caem silenciosamente em um céu todo pintado de branco.

É o único sinal de que meu tempo continua passando.

E como estação fora de época,vejo sutis mudanças de um mundo que parecia estagnado.

Eis que,como milagre, o floco vira flor.

Coração acelera.

Ela senta ao meu lado.

Primavera!

Paisagem plácida se abriu afrontando a falta de horizontes daquele velho passado.

Céu clareou,flor desabrochou, vento me apontou pro teu norte.

Esqueci das minhas velhas primaveras no sol do teu olhar. Que sorte!

Eu só quero mesmo é essa primavera que abriu junto com teu sorriso.

Dure as estações que durar,o tempo que me espere lá de canto,omisso.

A primavera da tua presença é o único tempo que eu preciso.

Paulo Orlando Iazzetti
Enviado por Paulo Orlando Iazzetti em 23/04/2015
Reeditado em 08/09/2019
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