adentro os confins do diabo
adentro os confins do diabo,
no covil dos poetas malditos.
por almas, me encontro cercado;
há pranto sobre os escritos.
me assusto perante o achado,
sem saber se fujo ou se fico.
decido ler, com extremo cuidado
tudo o que nunca foi dito:
são muitos os sonhos velados,
gigantesco o clamor contido;
há sussurros por todos os lados,
se somando aos longos gemidos.
no alto, há corações pendurados
e sonhos, pelo chão, estendidos;
circundo a fogueira, embriagado
e, perplexo, participo do rito.
ofereço, como bom convidado,
um órgão sem voz e aflito –
estendo meu peito petrificado;
esse coração de cimento batido.