adentro os confins do diabo

adentro os confins do diabo,

no covil dos poetas malditos.

por almas, me encontro cercado;

há pranto sobre os escritos.

me assusto perante o achado,

sem saber se fujo ou se fico.

decido ler, com extremo cuidado

tudo o que nunca foi dito:

são muitos os sonhos velados,

gigantesco o clamor contido;

há sussurros por todos os lados,

se somando aos longos gemidos.

no alto, há corações pendurados

e sonhos, pelo chão, estendidos;

circundo a fogueira, embriagado

e, perplexo, participo do rito.

ofereço, como bom convidado,

um órgão sem voz e aflito –

estendo meu peito petrificado;

esse coração de cimento batido.

Marcio Evair
Enviado por Marcio Evair em 21/03/2015
Código do texto: T5177432
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