À MEMÓRIA DO MARECHAL DE FERRO
Há certos dias vis, certos dias nefastos,
Em que a rir bastial
E truculentamente o Povo segue os rastos
Da hiena e do chacal!
Dias em que de chefre, aos urros da canalha,
Ao: - Fuja quem puder! -
Toda a honra de um país se vende e se enxovalha,
Como a de uma mulher...
Dias tais, em que o Brio aos pés da Infâmia arqueja,
Vencido a agonizar!...
Em que a Lama, em cachão, ferve, cresce, espumeja
Como as águas do mar!
Num dilúvio sinistro, escuro vasto, horrendo,
A macular o sol!
A Consciência e a Fé na mesma onda envolvendo,
No mesmo runimo!
Lama atroz, que a subir, depois de ter submerso
Os ímpetos viris,
Faz afial varrer da face do univero
O nome de um país!
Maldito o cidadão cujo rosto não cora
Nestes dias fatais,
Vendo ultrajada assim, pelas nações afora,
A terra de seus pais;
Quando em roda, na sombra, olhos maus de videntes
Relampejam sutis,
Sanguentos, a espreitar de longo, impacientes,
A hora dos balalis!
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Pois bem, da nossa Pátria um dia contra o peito
Esta vaga bareu!...
E subiu como um mar que sai fora do leito
E quer galgar o céu...
A grande nau do Estado ia metida a pique,
Tomo-lhe a direção..
Ergue o corpo, erguem como um soberbo dique
Contra este vagalhões!
Apertou contra o peito o pavilhão sagrado,
Em pleno temporal,
Como estreita, ciumento, ao peito o desgraçado
Uma noiva ideal...
Da farda fez-lhe um "zaimph", d'alma fez um escudo,
De pé firme esperou...
Sublime, colosal, calmo, arrostando tudo,
Como um herói de Hugô...
Só o pode imaginar quem assobrando viu
Aquele audaz leão...
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E o negro batalhão recuou, desceu, fugiu,
Salvara-se a Nação.
1895. - O autor assinou:Péthion de Villar,
(ex-praça do Batalhão Acadêmico)
LIRA MODERNA - Diário de Notícias.