SE ME DISSESSEM

(CIX)

"Si l'on me disait: Elle passe,

Cours la saluer! - je fuirais,

Dut le fantôme des regrets

Me poursuivre à travers l' espace".

SOULARY.

Se me dissessem: - Lá vem ela:

Eu fugiria imediatamente,

Fechando os olhos pr'a não vê-la,

Embora o espectro da Saudade,

No fundo atroz de minha soledade,

Me perseguisse eternamente.

Se me dissessem: Como é linda!

Esta verdade não repeliria,

Porém ninguém, o juro, ainda

Que o lábio meu tivesse medo,

Ninguém pressentiria o meu Segredo,

A minha lúgubre Agonia.

Se me dissessem: - Ela te ama:

Francamente daria uma risada,

Porque a divina e meiga chama,

A chama rubra da Paixão

Não lavra em quem não tem um coração,

Em quem não sabe crer nada.

Se me dissessem: -Está triste.

Perguntaria zombeteiramente:

Mas que diabo assiste

Ao zumbaiar dos namorados?

Que fazem todos esses desgraçados

Tagarelando em sua frente?

Se me dissessem - Está Morta.

Iria ao seu enterro... e ajoelhado

Fecharia a sinistra porta

De sua cova dolorosa

Com violetas e batões de rosa,

Calmo, porém sempre calado.

Se me dissessem: - Ninguém mais

Vem visita-lhe o túmulo silente,

Então, sem ódio e sem rivais,

Todos o passado esqueceria

E diria, beijando a lousa fria,

Agora és tu minha somente!...

Setembro de 1895.

LIRA MODERNA - Diário de Notícias.

Copiada pelo autor numa folha interna da Ópera

"Tannhauser" de Richard Wagner, assinada, apenas,

PETH. precioso autógrafo conservado pela sua filha

Ana Moniz de Aragão do Rêgo Maciel (sem data)

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 21/02/2015
Reeditado em 21/02/2015
Código do texto: T5145060
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