Sem ferrolho

É fim da madrugada

Pela fresta estico um olho

Engano até a estrada

Ela acha que sou caolho

Que não enxergo quase nada

Pensou que sou zarolho

Enganei essa danada

A hora certa eu escolho

Vou fazer minha revoada

E não quero usar antolho.

Depressa pego um saco

Vou enchendo de trambolho

Cabe até o meu casaco

E um pente sem piolho

Do que quebrou eu levo caco

Mais o que deixei de molho

Pois não queria dar pitaco

Não vou deixar prá restolho

Vou fuçar em cada naco

E o que me servir eu recolho.

É uma estrada perigosa

Não é coisa pra pimpolho

Pode ser muito enganosa

Cuidado se tem terçolho

Não é pra gente raivosa

Nem pra cabra roncolho

Não se vê planta cheirosa

Tem espinhos de abrolho

Às vezes falta comida

Com sorte come repolho.

Já me deram muito tapa

Ficou roxo meu sobrolho

Quiseram me riscar do mapa

Juntei tudo num manolho

Para aproveitar cada etapa

Não quis ficar de remolho

Hoje nada me escapa

Nem o que está no refolho

Só quero da vida a garapa

E as portas sem ferrolho.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 20/02/2015
Código do texto: T5144155
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.