À VOZ (À Maria Bethânia: 50 anos de carreira... pão de minha alma)

Hoje, minha Abelha,

É dia de agradecer

Pelo mel que dessa voz

Escorre

A me socorrer

Todos os meus versos

Ainda que adormecidos

Ou aqueles empoeirados

No meu coração escondidos

São teus... só teus

Voz que chove sobre mim

E rega minha dor

Frutifica minhas mangueiras

Desnuda o que já fui

Ou o que ainda sou

Voz de dedos longos

A tocar músculos

Que outras não ousam chegar

Voz grisalha

Voz navalha

Voz que me retalha

Labirinto onde me perco

Ao te encontrar.