O ÚLTIMO PAJÉ

Cheio de angústia e de rancor calado,

Solene e só, a fronte carrancuda,

Morre o velho Pajé, crucificado

Ma sua dor,tragicamente muda.

Vê-se-lhe aos pés, disperso e profanado,

O troféu dos avós: a flecha aguda,

O terrível tacape ensanguentado,

Que outrora erguia aquela mão sanhuda.

Vencida a sua raça tão valente,

Errante, perseguida cruelmente,

Ao estertor das matas derrubadas!

"Tupã mentiu!" e erguendo as mãos sagradas,

Dobra o joelho e a calva sobranceira

Para beijar a terra brasileira.

1900 - " Suprema Epopéia."

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 12/02/2015
Código do texto: T5134996
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.