Pássaro Ferido

Palavras são palavras nada mais, que palavras.

Não perca tempo comigo, ouça o que te digo,

Eu sou um pássaro ferido, e nem tenho ninho.

Eu sou apenas um grito, mudo, no infinito.

Sou parte, sou metade, ínfimo.

Sou o dízimo de um terço, sou sem destino.

Um desatino, um desabafo, sou espelho sem aço.

Um suspiro cansado, nada mais que um fraco.

Estilhaço, marcado, sem brilho.

E nem sou homem por inteiro, o que fará comigo?

O que você precisa ter, eu nem consigo ser.

Como poderá me usar? O que te servirá?

Condenado, acorrentado, perdido?

Nada poderá ser mais profundo e cortante que esta dor.

Que estou sentindo.

Há um abismo intransponível entre eu e você.

E as frases sem sentido, nem ouso mais dizer.

Impossível repeti-las, porque nem mais sei.

E elas nunca, comoveram você.

Pássaro ferido, não voará...Mais.

Antonio Candido Nascimento
Enviado por Antonio Candido Nascimento em 11/02/2015
Reeditado em 22/04/2016
Código do texto: T5133142
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