À INSPIRAÇÃO
"Que bom ter-te de volta
E saber que nunca partiste
Que em meu corpo ainda existe
O perfume dos últimos versos
Sentir roubar-me o sono
Ver a água jorrar do abandono
Dos segredos rachados, inconfessos
Ser apenas um instrumento
Ventre que te gera
E respira a louca espera
Das tuas mãos a desnudar minha alma
Esfatiada pelo punhal da agonia
Que acorrenta novamente o coração
Bordar sobre o meu peito
Com a agulha da poesia
E longos fios de solidão
O teu nome, minha senhora,
Com letras trêmulas
Na rima que me devora
Apenas os amantes decifrarão
Minha amada, inconstante,
Minha louca: INSPIRAÇÃO!"