D CRUZEIRO DO SUL

Perdido no alto mar, que as naus assoberbava,

Expondo-as da procela à imprevista vingança.

Para a terra de luz, que ao longe se ocultava,

Pedro Álvares Cabral, maravilhado, avança.

Trazendo sobre o peito a Cruz, que o sol dourava,

Sobre a fronte trazendo a estrela da Esperança,

Via em redor o mar azul, que recuava

No esplendor tropical de uma estranha bonança.

E enquanto as naus, zombando, e do abismo e das fráguas,

Boiavam na amplidão nostálgica das águas,

Ao brando murmurar das virações de Abril,

Nas trevas do horizonte, a girar lentamente,

O Cruzeiro do Sul ia-lhe abrindo em frente,

Como uma chave de ouro, as portas do Brasil!

1902.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 31/01/2015
Código do texto: T5120793
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