D CRUZEIRO DO SUL
Perdido no alto mar, que as naus assoberbava,
Expondo-as da procela à imprevista vingança.
Para a terra de luz, que ao longe se ocultava,
Pedro Álvares Cabral, maravilhado, avança.
Trazendo sobre o peito a Cruz, que o sol dourava,
Sobre a fronte trazendo a estrela da Esperança,
Via em redor o mar azul, que recuava
No esplendor tropical de uma estranha bonança.
E enquanto as naus, zombando, e do abismo e das fráguas,
Boiavam na amplidão nostálgica das águas,
Ao brando murmurar das virações de Abril,
Nas trevas do horizonte, a girar lentamente,
O Cruzeiro do Sul ia-lhe abrindo em frente,
Como uma chave de ouro, as portas do Brasil!
1902.