VÊ E CRÊ

"Ta bouche sur ma bouche et tes yeux sur mes yeux"

Victor Hugo

Por que é que teu olhar, tão lânquido, tão manso,

Mormo como o luar, doce como o veludo,

Mesmo quando aos teus pés, fanático, me lanço,

Fita-me sempre assim, tragicamente mudo?

Não crês no meus amor? Louca! ai tens meus versos;

Neles é que minha alma, inteiramente nua,

Hás de límpida ver, sem folhos nem reversos...

Não crês? Cega! pois bem, põe minha mão na tua,

Mais perto... olhar-me, fixa o teu olhar no meu,

Assim... entra-me n'alma, abre-a, desvenda-a!... Agora

Desce onde antes de ti nunca ninguém desceu,

Desse onde escondo o Pranto e onde guardo o Sorrir,

Desce onde dorme a Fé, desce onde o Ignoto mora,

E verás que o amor jamais pode mentir!...

Bahia, 30 de outubro de 1892.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 24/01/2015
Código do texto: T5112955
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.