Á BEIRA MAR

"Da ist nicht, was den Menschen entselze!

(SHILLER -" Die Braut von Messina)

A noite desce torva... ao longe mais se apaga,

Na glauca escuridão boiando, o sol que morre;

Das bordas do horizonte aos escarcéus da plaga,

Fosforeando o abismo um calafrio corre.

Em leque se irradiam as pulsações sangrentas

Da luz crepuscular, que a bruma afoga. Irada,

Na sombra sacudindo as crinas alvacentas,

Revolta-se a mareta ao sopro da lufada.

Espadanando espuma, hercúlea a esmigalhar

O peito contra a pedra, a onda avança, enorme...

Creba ressaca estoura. Ó placidez! Ó calma!

Eu zombo desta furia! Em vão bravejas, mar!

É mais ferroz a dor que no meu peito dorme!

Mais forte é a paixão que me referve n'alma.!

Janeiro de 1890 -

Farol da Barra.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 23/01/2015
Código do texto: T5111848
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