EVANGELINA

Quando risonha, PAPAI gagueja,

Como que um bando de borboletas

Sobre os seus lábios logo doudeja;

Sentindo o aroma das violeta;

Quando risonha PAPAI gagueja.

Quando engatinha, trajando gazas,

Parece um anjo dos céus, caído,

Que anda á procura das suas asas

Por este mundo todo aturdido;

Quando engatinha trajando gazas.

Quando um sorriso lhe enflora o rosto

Caem luares, deste sorriso

Vão-se os abutres do meu desgosto

E abrem-se as portas do Paraiso,

Quando um sorriso lhe enflora o rosto.

Quando eu a vejo só de repente,

Corro depressa, pois tenho medo

Que algum arcanjo saudosamente

Venha arrancá-la deste degredo,

Quando eu a vejo só, de repente.

Quando ela dorme, sinto assustado

Asas que roçam no cortinado,

Harpas que vibram muito em surdina,

Junto do berço todo arrendado

Quado ela dorme, sinto assustado.

Já que nas trevas do meu caminho

Cair deixaste, Deus, uma estrela,

Sobre os joelhos do meu carinho

Até à morte deixa-me vê-la,

Rompendo as trevas do meu caminho!

Bahia, 1899.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 22/01/2015
Código do texto: T5110713
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