A PEDRADA
"Habal babalim, vér'bol babal !"
Schelomo, Kobélo.
Da rua do Ouvidor sacrílega pedrada
Quis raivosa abalar altíssima peanha
Onde altiva, ideal, de louros coroada
De Castro Alves se eleva a grande Musa estranha.
Lembrei-me de uma audaz criança malcriada
Procurando esmurrar o peito da montanha
E a pálpebra do sol fechar,duma pancada,
Com urros de titã, que cedros desentranha.
E vi subir a pedra escura e furibunda
Duma inveja sem par cuspida pela funda,
Do Poeta bater na fronte profanada;
E aquela pedra - ó coisa insólita, assombrosa! -
Brilhando aí ficou, de chofre transformada
Numa estrela imortal, enorme e gloriosa!
1898.
Publicado n'A TARDE - BAHIA - A 27.5.1954.