BRINQUEDOS DE CRIANÇAS

(JEAN RAMEAU)

Ó filhinha! Ó gentil pedacinho de gente

Feito dela e de mim, bendita Coisa linda

Que de olhar dá vontade, agora, sempre, ainda,

Num êxtase ideal, silenciosamente!...

Ó filho gentil, vejo-te, neste instante,

Filósofa, chupando um dedo cor de rosa,

A olhar para a parede escura, curiosa,

Onde um raio de sol caminha deslumbrante.

Ó que bonito raio!...e sorris sem ter medo,

Com um gesto de posse e um olhar de ternura,

Batendo na parede inflexível e dura

Para agarrar o raio assim como um brinquedo,

(Sonhos, raios de sol agarrar... que utopia!)

Ao veres que não pode um raio ser pegado,

Deixas cair, zangada, o bracinho cansado,

Puxas logo o beicinho e a chorar principias.

Pobrezinha!...tão cedo as ilusões voando...

Avalio-te a mágoa, também, eu, mísero poeta,

Que prucuro agarrar, também, como um pateta,

Raio de sol que vão meu crânio atravessando...

1898.

DR. EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PÉTHION DE VILLAR)
Enviado por Francisco Atila Moniz de Aragão em 19/01/2015
Código do texto: T5107239
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