FRINÉA

LÁBIOS - POLPA DE SANGUE INCONHOS FRUTOS

POREJANTES DE MEL ROXOS ARQUEJOS...

LÁBIOS - QUE ESMAGAM OS MEUS, FAMINTOS, BRUTOS,

COMO UM POLVO A COMER, SUGANDO BEIJOS...

LÁBIOS - QUE EM ROSTO LANGUE SOBRE UM SEIO

PODEM, PODEM A GEMER CARÍCIAS MAIS...

LÁBIO- SECOS DE FEBRE, QUE NO ANSEIO

DA VOLÚPIA SÓ EXALAM FROUXOS AIS...

LÁBIO - TAÇA DE CARNE, EM CUJA BORDA

BEBO A SORVOS, CONVULSO, ACRE AMBROSIA...

AH! SE ACASO A RAZÃO FATAL ME ACORDA:

ENTÃO, FITANDO-OS BEM, VEJO AGUÇADA,

POR MEUS BEIJOS,- QUE HORROR! - A CURVA FRIA

DE UMA VIVA NAVALHA ENSANQUENTADA!

PUBLICADA NA ANTOLOGIA PARNASO BRASILEIRO

- CEM POETAS CONTEMPORÂNEO - POR AFONSO COSTA

- BARCELONA - CASA EDITORIAL MAUCCI (SEM DATA)