UM AMOR PEREGRINO
De novo, pela vida, te encontro...
Mãos feridas, pés sangrando.
Teus olhos castanhos, cansados
De olhar para nada...
Cabelos, pelos ventos da tristeza, açoitados.
E tua alma, pela solidao, maltratada!
O desencanto, de há muito, invadiu tua seara.
A água do rio que, tua sede saciava
Poluídas, foram por todas, as dores.
Mas, ao mundo, exibias as tuas chagas
Como se fossem, flores!
Tua alma triste, não sonhava mais!
A esperança, deixaste, a beira da estrada
Tua vida, da felicidade, perdeu o trilho.
As ilusões, fantasiadas de pesadelo.
E do amor que sentias. tinhas medo!
O teu amar em solidão, te curvava os ombros.
Mas, do outro lado da avenida, quem te amava
Em, um gesto de amor, quase, enlouquecido,
Quebrando pedras, partiu todas as amarras...
E o imensurável amor que, a te devotava,
Fez, a vida ressurgir, entre os escombros!
( Estes versos, forma escritos na Praia de Camboinha, em 1984)