Profecia

Houve gritos, depois o silêncio...

Vozes se misturavam num sofrer constante...

Uma gritava que o vazio incessante

a fizera esquecer e a saber-se em desapego

De uma vida que jamais lhe pertencera...

Outra, ainda, vociferava seu exílio,

Mergulhado no trabalho em auxílio,

Que jamais a fizera lembrar

Do que ficou na curta estrada,

Da dança das desesperanças;

E foi acendendo bem claro, na lembrança,

O provar para si e para outrem que podia.

Rancores que marcaram a alma,

Vozes confundidas num lamento

Borbulhavam, em soluços pelo vento,

A amargura da passagem em solidão...

Não notaram que é, muitas vezes,

No calar da sala que se aprende a lição...

Novamente gritos e depois o silêncio...

Uma luz vista com olhos fechados...

À mão que toca a água no lago da saudade

Sobrepõe-se outra com ardor;

Procuraram-se tanto pelo espaço

Para, enfim, compreender e reatar o laço

Deixando, assim, florir o amor.

Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 05/11/2014
Código do texto: T5024731
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