Invisível (Lamento dos envenenados)
Completos outro milhão de voltas,
O mundo não para, o tempo não retorna,
E se a história já foi contada,
O futuro irremediável escrito,
Seriam os lamentos suplícios de memória?
Retornos vazios, honra e glória,
Por terras secas, quem se importa?
Os esforços feitos, sede da alma
Nunca saciado, outra história,
De homens estagnados à outrora.
Inaudível lamento dos envenenados,
Súplica tardia dos invisíveis,
Murmurando ao vento as lembranças
Irreconhecidas dos sensíveis
Em esforços nunca valorizados.
Ato apartado da crosta,
Fora do baile de máscaras,
Sacrifício da fatal sinceridade,
O tolo a eternamente dito covarde,
Ao lamento dos envenenados.