ÁRVORE
Tardei a prestar-lhe atenção,
Fui bem distraído; creio,
A outras nativas do chão,
Tu tão formosa, no meio.
Uma vida inteira quase
Me embeveci com teu cheiro,
Galguei-te; tendo por base
Galho por galho altaneiros.
Nesse tempo eu só ouvia
O meu coração astuto
Tão alheado eu só ria
Me fartando do teu fruto.
Vez por outra estavas nua
Alí num breve abandono,
Folhas jogadas na rua
Pelo vento do outono.
Outras vezes bem frondosa,
Em ti se aninhava a pomba,
Sob o sol tu caprichosa
Me ofertavas tua sombra.
Creio que tivemos sorte,
Adotei-te, e estou te amando;
Tu escapastes do corte
E me mantém respirando.