Poesia envenenada X (Não Cantada)
Eis a rima jamais sentida,
A ideia jamais cantada,
História nunca narrada,
A morte antes da vida,
O final antes da parada:
Todas as peças do jogo,
Finalmente encaixadas,
Sentidos forçando a entrada,
Ventos e nuvens carregadas,
Sina de tempestade anunciada,
À apagar das almas, o fogo.
...
Assista ao conto dos tolos,
Brilha a mente intoxicada,
Consumando o brinde altívolo,
Fomentando a final estrada,
Mortos ainda sem terem caído,
Óh senhores do lodo?
...
Paralaxe dos tempos, completa,
Lança quente que atravessa
Âmago da raça retrógrada;
Abracemos nossa distopia,
A derradeira vingança vem,
Da mãe, forte, mas nunca tardia.
Sinta pelo envenenado, poesia,
A devolver-te sobre o mundo, a vista;
Segure a tristeza, tua dívida,
Assassine este teu sorriso,
Ganhado das mentiras do mundo
[partido.
Aqui acaba, o baile de máscaras,
E cada um aceite suas palavras,
Regra do novo jogo já dada?
Convido-te à alma do mundo,
Mergulhe no ponto mais profundo,
Brilho do espelho retorcido,
Vislumbre a fonte do enlouquecido.
...
De sangue preso aos colares de pérola,
O ouro negro que sangrou da Terra,
Suplício final, filhos da guerra,
Em sua mente turva, alma bélica.
...
Entre o sol e lua, mundo perdido,
À toda volta, o vento do desbacle,
Derradeira Poesia Envenenada,
Cântico transcrito em lágrimas,
Dizendo adeus a não vista, noite mais bela.