Coração de pedra

O toque insistente me chama

Quando a noite já corria altas horas

Ergo-me no susto da preguiça

O sutil e barulhento toque agora

Ansiosa e assustada no meu leito

Numa noite perfumada de verão

No aparelho ouço a voz que grita

A trégua é breve...

Lili, juíza implacável e inconsciente

Ar hostil como de inimiga

Gritos e sussurros que ensurdecem

Expressando orgulho e desprezo

Meu coração mesmo de pedra bruta

Quebra-se em mil pedaços de dor

Minha infeliz saudade me invade

E faz-me emudecer.

A alma é divina, mas a obra é imperfeita

E inutilmente parecemos grandes

Na fria linha do horizonte

Esquecidos nobres sentimentos

De respeito, virtude e fé

Que os deuses nos deixaram

Na taboa da vida, esses escritos

Não quero desassossego

Quero apenas calma e fé

Quero flores carmesins

e que a aurora raia sempre enfim.

Quero sossego, o café, e uma rede para repousar.