O dia seguinte
A ressaca instalou-se no quarto...
Pensamentos difusos,
Dor por todo corpo...
Era o início do fim,
o revés da história,
sem dia de sol,
sem lua,
sem nada....
O dia embaçado
tão sem nitidez quanto o vidro
trouxe a vontade do escuro...
Mas era dia,
tinha que levantar e caminhar...
Poderia chorar ou gritar
sem os ouvidos,
sem as mãos do afago...
Seguir, foi a única opção.
Tinha nas mãos a rosa que não dera,
no pensamento, as lembranças
tão vivas quais feridas...
Sóis, luas, na ausência,
sufocaram o sentimento.
O choro calou,
o grito de dor emudeceu...
Foram-se com o vento...
Continuar seguindo,
a sua única lição,
seu último alento
na ordem imperiosa
do continuar vivendo.