CANTIGA DO INFERNO.
Oh ninfa,vem ao meu cálice!
este sacrosanto dormitório,
vem com sua caixa fechada,
nimbo pesado da desilusão.
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Tira-me das agruras das algemas,
oh como craveja os espinhos do amor,
dai-me a lança fria do seu olhar,
dai-me a geleza do seu perfido desamor.
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Vem ninfa,traga-me a ultrajante fechadura,
que lhe liberto a virginal chave,
e no enlace de olhar que adeja,
num encaixe sofismal, a liberdade evola.
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Vem nívia ninfa! Vem,não tarde,
a terra arde,meus pés latejam,
sou ebulição,sou alma lasciva,
vem ninfa, Na noite escura,a espada crava.
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Ah ninfa,como troveja minha noite,
sepulcro,noite,onde esvaem meus ais.
e no quarto frio meu amor desanda,
como revoltas nuvens num mar de guerra.
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O céu é o ventre dos amantes,
o lençol azul de estrelas, que frias
passam por cima dos meus sentimentos,
tem as marcas de sua ignomia.
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Vem ninfa! A atmosfera sopra,
o halito quente dos desamores,
e o amanhecer embassa o fino
sol que habita minha alma.
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Abra-te aos meus devaneios,
é no colo do meu querer que
esta a latência dos prazeres,
fonte que jorra voos e delírios.
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Vem ninfa, acenda as luzes
minha escuridão é deléteria,
minha sensibilidade agoniza,
e minhas poesias já não voam.
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Vem,não tarde ,a noite é um martírio,
não sabes do meu coração sufocado,
meu querer pulsa,m'alma assanha,
por não dormir nas suas algemas.
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Teu amor é um vulção ativo,
sua insensatez, uma noite fria,
seus lábios são o leve pouso,
onde vou morrendo a cada dia.
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Tanto doi a dor do querer,
tanto alimenta a esperança breve,
e nas horas de fervor da alma,
geme o peito, uma opressão infinda,.
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Vem ninfa! Estique o tapete,
meu amor merece a maciez das coisas,
funda-se aos delírios loucos
de uma alma sofrega, em exustão.
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Vem ninfa!Dar-te-ei as flores,
para enfeitar o nosso paraiso,
verterei lágrimas de felicidades,
neste teu cálice de cristal insano.
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E quando acordar do meu inferno,
esse cântico de frio sepulcro,
sentirei minha alma,arder em brasas,
e sua frieza, congelar em risos.
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Vem ninfa! Sou a pedra bruta,
sou a surda ,e longa estrada,
sou o peso do cruel tributo,
sou ar,brisa,ferro,e fuligem.
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Vem Ninfa ! Pingue em meu cálice,
abra-me o vermelho de tua rosa,
sinta-me enrroscar em teu caule,
e teu jardim florir de estrelas.
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Vem, resgate-me a alma,
deste inferno,de chamas ardentes,
te querer é uma brasa viva
assoprada pela leveza do vento.
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Vem , meu atalho é bem curto,
meu paraiso é bem mais breve,
e se perde por uma ilusão qualquer,
é um fugaz vento de fim de tarde.
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Vem Ninfa ! Sepultura e lágrimas,
em te oculta a rubra flor,
num silêncio e numa umidez,
entoando o desejo oculto do amor.
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Vem! O dia passa calado,
eu passo o dia no quarto ao lado,
criando minhas estradas insanas,
e minhas cobras venenosas.
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Vem Ninfa! Te darei pão e vinho,
sombra,água,e um explendor,
e em troca de joelho peço,
o inebriante perfume de tua flor.
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Vem ! Ouça o frio vento lufar,
resquicios de mim que adejam,
na pumbléa atmosfera da tarde,
na esperança louca de te encontrar.
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Vem Ninfa! Nívia Ninfa,
meu colo é o seu porto,
seus braços meu infinito,
ouça a pertinência do meu grito.
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Vem ! Canto a luz dos desejos,
na voz de uma ilusão perdida,
o mar se enche de lágrimas,
a terra,minha terra,suga-te o brilho.
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Vem! Não tarde! Grita meu peito,
a brisa perde seu acre odor,
no silêncio ocluso de meu leito,
meu corpo esvai-se em calor.
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Vem, não tarde,aqui começo a morrer,
aumenta seu descaso,avulta meu sofrer,
olho nada vejo, cega-me a dor,
pulsa meus delírios ,rumo ao seu amor.