Os Males de Agosto

Luciana Carrero

A ave precipitou o bico e cavou buraco fundo

E a terra comeu de vez os olhos azuis

Que em um dia remoto haveria de comer, por lei.

Assim se fez a tragédia do mês de agosto

Que não raro chega num galope de mau gosto

Os perfeitos dentes brancos de sorriso extenso

Morderam a terra bruta que comeu seus olhos.

Mas a indesejada não é iconoclasta, porque não destrói

A história de alguém que a construiu com amor e fé,

Mesmo que estraçalhe suas carnes num apocalipse, até

E lá se encontram todos os importantes por dever

De solidariedade, ou social, muitos distantes de alma

E os cronistas buscam matéria para a semana inteira.

O circo está armado e a besta dá um beijo torto

Na face daquela em quem quer dar uma rasteira

A filha de Oxalá comprime o rosto contrariada

E sente o beijo de judas que maquiavel dá no povo.

É preciso manter-se firme e suportar o enredo

Para renovar a boa sorte com o período novo.

O cortejo por sua vez vem respeitoso ante a morte

Mas todas as desgraças vêm lá do segundo norte.