Dos Locais e das Cidades de Casa e de Lá – Oxford

Diz que é da inspiração do berço anglo-cultural

Que se nada se tem a declarar, que capricho serve

A ânsia de transbordar em vómito silábico-sinfonia

O que se disse, se algo enfim se disse – murmúrios

Das cidades de casa e de lá – o caos de casa, onde estou,

Com a calmaria do cá, onde vivo sem estar.

(lugares novos sempre inspiram, diz-se.

olha, este não inspira lá grande coisa)

Das ondas e dos verdes em mil tons

Das rochas, dos paus em todos os marrons.

Dos teus olhos feitos água me olhavas

Aterrada e vencida, pelo canto do olho.

E eu, já sem palavras e sem voz

Ciente que estava de ti, na vez última.

Em tua forma alva enxaguo a vista.

O ouro, dádiva dos céus dos dias últimos

Empresta vida nova à forma secular da cidade.

Em cada raio dourado, o Imo latejante no ir - respira já o novo sopro do Rochedo Nosso.

(quando era novo este lugar, o verde das suaves colinas

e as palavras em catadupa antes da descoberta)

O Rochedo do caos da minha paz interior

Onde já espraio o ser, o olhar, a palavra por nascer

Sibila-me o nome ao vento atlântico.

Sibila-me o nome à corrente marítima.

Ecoa calcário na Grã Ilha de cá, onde vivo – sem estar.

Galga prados e bosques, rios e lagos. E cidades.

Murmura-me enfim ao ouvido o cometa

Expectante do meu contentamento.

Lambe em júbilo a forma de século das rochas

De que se faz esta cidade, nelas se enrosca, se aninha.

Aguarda que por elas passe, e quando passo – em urgência de fé –

Afaga-me o rosto e a Máscara, gentil, sorri por dentro.

Então, banho os olhos com a forma, degusto-a, prendo-a, visceral.

Em poucos dias, reduzida a forma à imagem

E digerir então o que foi neste Imo a metamorfose

Resultante do que operou a forma alva, onde enxaguei a vista.

Na brancura da calçada da minha cidade, verterei rédeas

De palavras-purpurina – à luz, imponente, que tudo pode, do Rochedo

Verei rendida a soma do roteiro na Grã Ilha.

A saberei rica, sóbria, compacta. Salgada de brisa, ora.

E o novo afago e o sorriso por dentro da Máscara.

A leveza de saber que depois de engolida a forma

O libertador acto seguinte do jorrar silábico da Palavra Nova.

MariaFernandes
Enviado por MariaFernandes em 09/08/2014
Código do texto: T4915482
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