A mercê do tempo

Se vale cada centésimo de segundo,

certamente um dia valeu muito menos.

Assim como o tempo eterniza cada ato deste mundo,

a vida se encarrega de tornar-lo longo.

Cada minuto em milênios.

Engraçado é o modo da gente.

Que descarta as lembranças do corriqueiro

como que se esquece do dia do mês.

Enquanto a mente, hormônios e coração

guarda o que não é ligeiro,

anexa ao banco de dados, habilita senhas melódicas

a lembranças fruto da emoção.

O tempo me extraí memórias

apaga as antigas, de feridas incuráveis

que agora não passam de meras linhas de expressão.

Extraindo minha vitalidade é na verdade um miserável

ora me coagindo, ora me ensinando

em busca de afeição.

Dele tiro proveito, quando olho a ventania,

o sol de domingo, um abraço de bom dia

Tendo o sorrizo interminável

como doença incurável.

Uma crônica falta de motivos pra solidão.

Do minuto fiz anos, dos anos segundos

superficiais linhas de expressão.

Se agora vale pouco

certamente um dia valeu muito mais.

Assim como o tempo eterniza, descredita.

Habilita-nos dar um valor real

aquilo que precisa ter

ou aquilo que não merecer.

Se o tempo me extrai, dele posso roubar

fazendo-o de dias preciosos o meu viver...

Campinorte

02/07/14

Keith Danila
Enviado por Keith Danila em 03/07/2014
Código do texto: T4867748
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.