A mercê do tempo
Se vale cada centésimo de segundo,
certamente um dia valeu muito menos.
Assim como o tempo eterniza cada ato deste mundo,
a vida se encarrega de tornar-lo longo.
Cada minuto em milênios.
Engraçado é o modo da gente.
Que descarta as lembranças do corriqueiro
como que se esquece do dia do mês.
Enquanto a mente, hormônios e coração
guarda o que não é ligeiro,
anexa ao banco de dados, habilita senhas melódicas
a lembranças fruto da emoção.
O tempo me extraí memórias
apaga as antigas, de feridas incuráveis
que agora não passam de meras linhas de expressão.
Extraindo minha vitalidade é na verdade um miserável
ora me coagindo, ora me ensinando
em busca de afeição.
Dele tiro proveito, quando olho a ventania,
o sol de domingo, um abraço de bom dia
Tendo o sorrizo interminável
como doença incurável.
Uma crônica falta de motivos pra solidão.
Do minuto fiz anos, dos anos segundos
superficiais linhas de expressão.
Se agora vale pouco
certamente um dia valeu muito mais.
Assim como o tempo eterniza, descredita.
Habilita-nos dar um valor real
aquilo que precisa ter
ou aquilo que não merecer.
Se o tempo me extrai, dele posso roubar
fazendo-o de dias preciosos o meu viver...
Campinorte
02/07/14