VIOLA
Viola feita de pinho da serra.
Pinho que cresceu com o orvalho da aurora.
Viola que reluz ao clarão do luar.
Que chora doída sem sair do tom.
Seu destino dá coragem ao coração do violeiro.
Madeira dura e que fica flexível nas mãos do cantador.
Por isso violeiro, não tenha vergonha!
Mostra a beleza do seu lugar através do braço dessa viola.
Mostra no ponteado da viola como a cintura da morena contorna.
É preciso continuar ouvindo o som da viola nas quebradas do sertão.
Nas esquinas das grandes cidades e no coração do sertanejo.
Esteja ele vivendo no sertão ou não.
Por isso dance o catira, o cateretê, o baião...
Pois o artista existe em todo lugar.
Não precisa ganhar dinheiro para dizer que é bom.
É o talento e o jeito de expressar os sentimentos que mostra o veraz,
Sem sair da nuança. Sem precisar de mídia.
Assim vamos apresentando as folias da vida.
Viola no peito.
Viola que o pai lhe deu.
Viola que com suor ele conquistou.
Todas as tardes o sertanejo senta na varanda, sozinho ou com maigos
E dedilha sua viola com olhar profundo no poente.
A noite chega e o som dedilhado continua dando vida nas encostas das montanhas.
Assim é o músico, o violeiro de verdade!
Seja lá nos rincões ou nas grandes avenidas das metrópoles.
Viola feita de pinho da serra.
Pinho que cresceu com o orvalho da aurora.
Viola que reluz ao clarão do luar.
Que chora doída sem sair do tom.
É isso aí!
Acácio Nunes