Fotografia de © Ana Ferreira 

I Giorni - Ludovico Einaudi



É LONGA E NEGRA A NOITE E TE PRESSINTO
 
Enquanto a noite dorme lá fora,
o dia continua presente aqui,
desinquietando as pálpebras e o peito.
Queria adormecer a espera da manhã
no repouso de um silêncio certo
e não ver a lassidão das horas  
escorrer pelos ponteiros.
 
É longa e negra a noite e te pressinto.
 
A noite é um pêndulo lento
caminhando indiferente
aos meus olhos feridos de luz.
Ainda é dia dentro da noite neste sonolento jardim
onde se agitam pensamentos em desalinho,
suscitando carência de afetos em mim...
(Ou será a carência de afetos
que desalinha
os meus pensamentos?)  

 
É longa e negra a noite e te pressinto.
 
Meu temor não é a tua ausência.
É antes a tua constante presença,
luz incandescente que ilumina
a noite
de todos os meus dias
e o dia de todas as minhas noites
.
É o que não me deixa dormir. Minha insônia.
Navalha cravada na dúvida da minha certeza. 
 
É longa e negra a noite e te pressinto.

Uma mão leve, vigilante,
vem pôr fim a esta agonia.

Desce sobre mim,
trazendo a paz da letargia.

Teus são os dedos leves, calmantes,
que me fecham os olhos cansados. 
Tua é a voz, tranquilizante, 
que me sussurra doce canção. 
Teu é o beijo, sedante,
que me beija a boca dos sonhos…
 
É longa e negra a noite e te pressinto. 
 
Sinto-me adormecer. 
E o meu peito é a tua folha em branco
que guarda segredos
e as palavras de amor eterno

que esperam ser escritas ao amanhecer.
 
Ana Flor do Lácio

 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 30/01/2014
Reeditado em 31/01/2014
Código do texto: T4670512
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