A esquina

A esquina é lugar de todos

A esquina é lugar comum

A esquina converge

A esquina pára e espera

A esquina é a véspera

(já sendo hoje, continuará a ser, amanhã também)

Amém aos anjos, alimento pros santos

na esquina tem

Tem o morto de fome e de sede

que traça o despacho

Tem o bêbado que vem bebendo a vida

Tem na esquina

alguém de sorte, que tropeça na nota

Tem na esquina, violão e cordas

Tem quem cante na esquina

tem quem espante seus males

Tem na esquina trombada

destinos apressados, distraídos, fatalidade

Tem uma saudade na esquina

uma não, várias despedidas...

Braços abertos na esquina, um abraço

reencontro, encontro marcado por amor

por amizade, um duelo...

Mãos ao alto na esquina, um assalto!

Quarenta e cinco graus, a esquina, emboscada

sempre uma surpresa

Toda sorte de tráfego pela esquina...

o tráfico, o sexo e o policial

se revezam na ronda pelas esquinas

E nessa ciranda de roda

é fechado o ciclo

vicioso...

viciante...

Mas antes desse mundo, “ que pede pra sair”

a esquina já foi boemia...

Na esquina onde chovia

sob a marquise da padaria

um poeta pensa ser só

O céu desaba, a roupa encharca

um frio em pleno verão...

E o poema é traduzido como a natureza quer

é chuva

A esquina em dias de chuva

rios que se cruzam, destinos

Não pára na esquina, quem quer ser só

Pó e água levados na enxurrada

se misturam

outras casas

outros prédios, padarias

nova esquina

Cassio Poeta Veloz
Enviado por Cassio Poeta Veloz em 21/01/2014
Código do texto: T4659146
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