Era um casal de velhos bem velhinhos
 
Era um velho bem velhinho
e uma velha bem velhinha.
Nos assentos do Fusquinha,
pareciam passarinhos
empoleirados juntinhos
num galho de arvorezinha.
Atrás das lentes grossinhas,
presos no asfalto os olhinhos.
 
Um Fusca verde-clarinho;
na direção as mãozinhas,
saliente barriguinha.
Foi na esquina do barzinho,
onde um semaforozinho
apagou a luz verdinha
e acendeu a amarelinha.
Um pé forçou o carrinho,
 
que avançou no cruzamento.
 
Na outra rua, um caminhão...
Antes do verde sinal,
impensado ato banal
de um chofer sem coração.
 
Era um velho bem velhinho
e uma velha bem velhinha.
Quatro velas e florzinhas
para cada caixãozinho, 
antes do sepultamento.


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N. do A. – Na ilustração, Fusca 1982, verde-água, que pertenceu ao autor e, antes, a um velho bem velhinho.
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 20/01/2014
Reeditado em 04/08/2021
Código do texto: T4657330
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