COMO GOTAS DE ORVALHO NAS PÉTALAS DAS ROSAS

Cigarras berrando alucinadas

Passarinhos disputam um lugar à sombra

Pessoas passam carregando latas.

O verde arde em brasa o mato queima...

Vejo e respiro fumaça!

Um calor descomunal!

O morro sedento por água.

Acho que até o sol...

Pela chuva implorava.

A terra seca rachando alaranjada.

Cobras passam apressadas.

Das tocas saem à bicharada.

Sinto falta da mansa brisa...

Desalinhando meus cabelos.

O cansaço adormece meus braços

Minhas pernas pedem muletas.

O pensamento nas nuvens

Pedindo que escureça.

Quando já estamos no limite

Sem forças para mexer um só músculo.

Deus na sua infinita bondade...

Manda a chuva acariciar a natureza.

Nunca vi tanta meninada!

Das malocas corriam fazendo algazarra

Num impulso infantil lancei-me com elas

E juntas deixamos que a chuva nos banhasse

Os pingos suaves faziam carícias na pele

Como gotas de orvalho nas pétalas das rosas.

E a farra da meninada!

A criançada faceira em alvoroço.

Toda aquela gente!

Simples pobre do morro

Vieram juntar-se a gente

E surpresos em celeuma

Entoando versos como barqueiros

Senti-me parte daquela gente...

Desço o morro de volta para casa

Trazendo um pedaço deles comigo.

Deixando um pedaço meu com eles