Mesa
Tudo que ela não queria era ser uma mesa:
a integração dos gestos solitários,
o acompanhamento semi-fúnebre das horas sapienciais,
as sóbrias ligações entre-mãos,
a cumplicidade da finalização do prato.
Não quis ser mesa
com a mesma certeza que não se vai ao convés contemplar o infinito...
quando não se tem a dupla-chama.
Não quis congregar cadeira.
Não quis escorar a porta.
Não quis segurar a horta.
Não quis ser habitada.
Entre o silêncio de um não, uma mesa sozinha falava:
— triste é saber da causa do meu nunca-amada.