O que faço
Com as tolices acumuladas
As palavras encadeadas
Em décadas de razão
Sem qualquer razão?

O que faço
Com a onipotência de Deus
Que o catecismo
A comunhão
Nos ensinam, em pura perda
Ser o caminho e a redenção?

O que faço
Com as mulheres amadas
Passadas
As mal amadas
Retornadas
O que faço
Com minha frieza
Meu querer estar e ser só?

Tendo a menor chance
Enfio tudo no porão
Da mansão dos meus avós...
Que, por sinal, jamais tiveram uma mansão
Nem porão.

Porrtanto, entregue a mim mesmo
Nesta ausência de ancestrais
Indago:
O que faço
Quando o lixo me afogar
No mar do hoje e do amanhã?

Aprenda a nadar!
Gritam-me de longe os cínicos
Pois assim o mar se torna veludo
Surdo
Mudo
Recuso-me a escutar.

E me tranco em meu porão
Imaginário
Sem endereço, arquitetura
Solitário
Sem sexo
E sem cigarro.