Espera

Numa quente tarde de primavera

Sentada numa Clínica a esperar

Observando gente a sair e entrar

Olhares perdidos, uma quimera.

Cada ser voltado para consigo

Como se sozinho ali existisse

Ainda que cheia a sala estivesse

Era a solidão, presente castigo.

Sons diversos quebravam a quietude

Atendentes vozeavam ansiosos

Anúncios na TV sempre curiosos

Sala repleta de trejeitos sem virtude

Estranha forma de conduta

Multidão que no mundo habita

Dispõem-se do celular, à procura

O que só em gente se encontra

Sem cessar vão dedilhando

Neste pequenino telefone

Melhor passatempo encontraria

Com simpatia um assunto falando

Nada substitui boa prosa

Ainda que por passatempo

Vislumbrar palpitante amizade

No acaso, novo amigo conhecer.