RAINHA DO BREJO
Ó Rainha despudorada. Cidade que se diz PUTA. Teu charme de cruzadas pernas
Sobre as indevidas apropriações de memoráveis golpes, sonegações e calotes homéricos
Revela-te ousada em simulacros anacrônicos de vanguardas de outrora
Os montes e serras que te cercam e te alinhavam em tua cintura esbelta e calorosa
Das juremas escondidas e nos terreiros ignorados sob o pano de chão das catedrais
À sudorese libertária que escorre livre de tuas anáguas escondidas
Cidade burguesa em suas pilastras do lucro e da mais-valia
Estão no canto da sala umas migalhas de solidariedade e altruísmo
Prontas para pousar de bondosa no instagram holofótico e benfazejo
Do chapéu e do pau alheio que se goza sempre
Sabes esconder bem e debaixo do tapete alado
Os teus bolsões de miséria pejados de violências vãs e simplórias
Como impinges, panos brancos, chato, piolhos e outras coceiras
São teus cancros, os meninos que correm nus nos esgotos a céu aberto
Ó pobre anciã com mania de grandeza e avareza recrudescente
Nas Costa Beiriz a Pedro segundo e na Rui Barbosa
Dissimulas sempre tuas lideranças cooptadas
Pela fome e promessas de um paraíso perdido
Guarabira, os teus doidos e mendigos maltrapilhos
São os mais sinceros e amistosos e te cumprimentam sempre
Dançam, cantam, bebem e se lambuzam na felicidade verdadeira
Nas tuas virilhas descobertas fedem lá tuas chagas insanáveis
A baforada vil de teu lixão fumegante poluindo o mundo
Dos bronquíolos asmáticos de teu futuro roubado
Para sempre ou até que se permita a revolução utópica e desenfreada