Casulo
Havia uma aranha em meu sapato,
logo calço uma caverna.
Não sei o que lá foi fazer.
Joguei-a no chão,
pois acordei emburrado.
A aranha olhou pra mim
com seus tantos olhos irados
e, vejam só, mostrou-me a língua.
Minha reação foi pisoteá-la,
mas lembrei-me de que nunca faço isso.
Piso em minha sombra,
Somente.
Meu sapato não parece tão grande.
Dentro de um quarto grande.
A aranha, lá dentro, pequenina, indiferente.
Agora está no chão, desamparada.
Sim, tornei-me um avaro locatário.
Despejei-a com sua centena de filhotes na barriga
Indiferente ao seu sofrimento.
É início de mês, época de pagar o aluguel.
E no fim estamos todos despejados,
Eu da vida, ela do sapato.
Havia.