Poesia sem nome
Como tirar alguém de dentro do peito?
Alguém que criou raízes como a árvore na mais fértil terra?
Alguém que não se parece com o presente
E que divide os flashes de felicidade,
Simplicidade, humildade e acolhimento
Com a inexplicável indiferença?
Refiz os passos na memória,
dia por dia, mês por mês, ano a ano,
Remontei, para encontrar o início da raiz,
tua imagem em mim:
o melhor de você.
Eis-me aqui, agora, diante do que refiz.
Em minhas mãos, você:
Um você que já não mais te habita
E que ficou preso no passado
e no meu amor.
Passo-lhe para guardá-lo como lembrança;
Passo-lhe, porque não posso mais tê-lo comigo,
Pois é preciso adormecê-lo em mim, ele morreu
E eu tenho que trilhar o restante do meu caminho.
Desamar não existe, esquecer é sempre impossível.
Guarde-o com ternura,
Com ele vai tudo de bom que tive :
quatro anos de completude,
de amor intenso, perdão e muitos sonhos.
Desculpe-me a embalagem, ele não coube numa caixa,
como as demais coisas que precisei tirar da minha vista
para não reviver a todo instante a dor de tua morte,
Mas está todo agora em tuas mãos:
Olhe-se no espelho e ponha-o a teu lado
para que, quem sabe, possa aproveitar
no teu presente algo de bom que tenha sido no passado
A fim de que não se enterre de todo quem eu tanto amei.