Poesia sem nome

Como tirar alguém de dentro do peito?

Alguém que criou raízes como a árvore na mais fértil terra?

Alguém que não se parece com o presente

E que divide os flashes de felicidade,

Simplicidade, humildade e acolhimento

Com a inexplicável indiferença?

Refiz os passos na memória,

dia por dia, mês por mês, ano a ano,

Remontei, para encontrar o início da raiz,

tua imagem em mim:

o melhor de você.

Eis-me aqui, agora, diante do que refiz.

Em minhas mãos, você:

Um você que já não mais te habita

E que ficou preso no passado

e no meu amor.

Passo-lhe para guardá-lo como lembrança;

Passo-lhe, porque não posso mais tê-lo comigo,

Pois é preciso adormecê-lo em mim, ele morreu

E eu tenho que trilhar o restante do meu caminho.

Desamar não existe, esquecer é sempre impossível.

Guarde-o com ternura,

Com ele vai tudo de bom que tive :

quatro anos de completude,

de amor intenso, perdão e muitos sonhos.

Desculpe-me a embalagem, ele não coube numa caixa,

como as demais coisas que precisei tirar da minha vista

para não reviver a todo instante a dor de tua morte,

Mas está todo agora em tuas mãos:

Olhe-se no espelho e ponha-o a teu lado

para que, quem sabe, possa aproveitar

no teu presente algo de bom que tenha sido no passado

A fim de que não se enterre de todo quem eu tanto amei.

Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 24/09/2013
Código do texto: T4495596
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