ESTATUTO DO CANALHA

longos anos de exílio e nenhuma resposta

a noite rasgada pelas intempestividades da máquina

é o riso do facínora espalhando os olhos do arrependimento

no solo fenecido das alucinações virais

esquecido do abominável mundo dos contratos,

brinco com as meninas primitivas

da Galápagos do sexo

licenciosidade impera onde o Parlamento é desconhecido

e a Orgia decide vida e morte

sou o rei fantasma

e só a imperícia interessa

o ofício marginal é condecorado

aonde a aura é a sombra do urubu

quando a sociedade nada mais é

do que o subterrâneo da maldade

só aos gênios é permitido sonhar

deixei nome e carreira nos chifres da vaca presencial da atrocidade

descomum como o lado concreto do mito

quando ambíguo é o princípio racional

quando as botas envernizadas que me distinguem da ralé

fazem o réptil chorar de saudade e fé

e tudo o que resta é o estatuto do canalha

pois a moto funerária da ambição espera na estrada

e embarco no passeio feroz da impetuosidade

que há em romper modelos e conveniências

inventando quem o destino coroa

no trono selvagem da liberdade

pois conhecer o sangue é da misericórdia desdenhar