Medo de assombração

No pensamento, sempre vejo

assombração no caminho deserto.

Andar alerto, sempre com medo,

o vento sopra a folha do jornal,

o susto é grande.

Com o pensar aliviado

continuo caminhando,

aproximando a esquina escura,

sempre falada,

o medo aumenta.

Piso firme, evito olhar,

o assovio do vento na lâmpada do poste,

avisa que o lugar é de perigo,

algo ali já aconteceu.

O medo é tanto que não sei onde entrar.

A direita, a esquerda ou em frente?

no final da rua vejo um vulto,

suspiro aliviado, ou será ela?

o medo aumenta.

Penso em nossa senhora,

penso rezar um pai nosso,

será que rezo?

não lembro a oração dos desprotegidos.

Viro para esquerda, o caminho certo.

Lembro do vulto deixado na outra rua.

Aumento os passos,

o caminho ainda é longo.

Está chegando a outra esquina.

De novo o medo me faz pávido.

Acho que a direita chega lá,

as lâmpadas apagadas, deixam a rua escura.

Dá vontade de gritar,

sei que não é a solução.

As pessoas das casas fechadas,

assustam pensando ser ela.

Ouço vozes,

não sei de onde e não entendo nada.

O medo aumenta.

Com os passos trêmulos sigo em frente.

Agora lembro da ave Maria,

mas o que adianta, só quando tenho medo,

a reza deve ser constante, não só quando estamos em apuros.

O portão está fechado,

a chave não está no bolso,

alguém está acordado,

terei coragem de chegar até ele?

O medo é grande.

Na calçada um bêbado me chama,

o susto me ensurdece.

Não escuto seu clamor,

só quero chegar.

O vento sopra frio,

o suor não é de calor,

o portão foi deixado aberto.

O escuro do corredor me faz medo.

Pego na maçaneta, a luz acende,

o alivio me refaz.

Foi deus que me salvou!

Jose Hilton Rosa
Enviado por Jose Hilton Rosa em 24/06/2013
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