ÁGUA

No tronco bojudo do Baobá armazenada
verão intenso,água reservada
Branco de geleira que desce derretendo
saltos em flocos, rios nascendo
Cortina de tiras, dança na vidraça
Calor frio que o vidro embaça
Dentro do coco verde coqueirais lá em cima,
balanço suave e doce na colina
Doce, salobra, ou com sal
com a terra negra, o manguesal
Córrego transparente, longo, inteiriço
Espelho que satisfaz vaidade de Narciso
Melodia noturna na telha suco melancia vermelha
Na Amazônia, seleta seiva bebida da Sorva
prá sede, receita Em gotículas unidas no céu,
O arco em flor Matar a sede ato de amor

TERRA

Círculos de feno rolam enlaçados
correndo alegres nos prados
ouro negro jorra do solo profundo
insensata razão de guerras no mundo
turmalinas ,esmeraldas, topázios cristais de pedra,
diferentes estágios vasto lençol transparente escondido,
líquido da vida pobremente defendido
verdes fiapos brotam ,germina entre pedras
uma flor, quem a viu?
pétala de bem-me-quer desfolhada
saber segredo de amor, quer a namorada
telas coloridas nos rodeiam, basta olhar
presente teimoso de beleza sem par
sintonia de gnomos e duendes, elementais
presença em jardins, cuidadores de vegetais
terra mãe, barro do qual fomos feitos
que nos acolhe ao final, desfeitos

AR

sopro de bolhas de sabão
cauda em leque de pavão
roupa leve no varal
brisa solta no ervaçal
sílfides, fadas, hameríades
elementais do ar, quase miríades
pio de coruja no telhado
cortina na janela do sobrado
seda colorida solta na praia
menino empinando arraia
um fado cantado distante
sentido, chorado num instante
balão subindo até o céu
passarinho voando ao léu
folha seca que cai no rio
balanço de pétalas no estio
meus pés correndo ao teu encalço
teus braços abertos para o abraço
Supremo milagre, em vibração:
Respiração!

FOGO

Salamandras flamejantes
línguas de fogo dançantes
fluida, etérea transmutação
Agni, fogo espiritual do coração
raio dourado, relampago ligeiro
adorno no céu antes do aguaceiro
sarça ardente traz a Lei revelada
no deserto incentiva a caminhada
labaredas, cor, estalos, maneiras
brasas, cantos, risos, fogueiras
o ocaso se anuncia, é aceso o lampião
bucólico resquício, luz na escuridão
purificador de almas no inferno
calor em lareiras no inverno
lava incandescente empurra o chão
bailado cinza-rubro na cratera do vulcão
fumaça de jasmim, incenso volteia no ar
chamas de vela, devoção,promessa no altar