TRISTE SOPRO

O sopro de respiração que me agua

Quando temo morrer de sede, à míngua

Com o amargor que adormece a pobre língua

E impede o navegar dessa canoa

Balança levemente a minha proa

No inflamar cortante dessa íngua

Onde pesadelos encaixotados do bazar respinga

E descolora o encanto do dia que não voa

Antes não sopre e que eu viva assim parado

A contemplar o leve instante que passou

Como uma roupa que vive de lembranças

Do corpo que por si foi tão levado

Onde os retalhos do perdão não costurou

E o vento espalha a dor só por vingança.