CONQUISTA SILENCIOSA

Por acaso se reconheceu em mim

Desprezou lupas e bússolas

Adentrou meus labirintos sem se perder

Arrendou avidamente meus segredos

Desnudou-me o cerne em fio de navalha

Bebeu meus desejos como se fossem os seus

E pulsou sua vontade em tanta harmonia

Que temi pelo singular que se esvaía

Apoderou-se de mim disforme de aparência

E mesmo sem matéria me dizia na alma

Senti a dor pela agrura de não te encontrar

Não te ver

Nem te tocar

Fico queimando em ardor intenso

Variando a minha razão se sou ou não

O espólio desta silenciosa conquista

Preciso te saber com nitidez

Descobrir-te

E apoderar-me de você

Que não para de se multiplicar em mim

Que vírus será este?