ROCHA
Queria renascer rocha,
Vulcão em erupção
Que escorre queimando sem culpa
Que não respeita o chão
Nem pede desculpas
Queria ser qualquer coisa inanimada
Para não chorar mais
Para não sentir essa dor
Que é o âmago da matéria
Que aos poucos me desfaz
Queria ser insensível
desumanizada
Ao toque das ondas
Que me corroem
Ao bailar das lágrimas
Que estreiam sobre o teu rosto
E tanto me doem
Mas se algo de inanimado
Verdadeiramente me compõe
É algo que nunca havia suposto
É a esponja que absorve a dor
Que não me larga
Acalenta os meus pesadelos
E serve-me todas as noites de encosto.